quinta-feira, 4 de novembro de 2010

O MELHOR LUGAR... (Parte 3)


O SALMISTA É LOUCO OU EU QUE SOU UM PECADOR?

Definitivamente, não havia qualquer empatia entre eu o salmista que compôs esse cântico.

Não me entenda mal, eu gostava do culto infantil e da EBD, eram como o oásis em meio ao deserto (embora achasse que essa última não valia o sacrifício de acordar tão cedo no domingo), mas eu estava chegando na idade em que não poderia mais participar do culto infantil e a outra (e terrível) opção era ficar junto com os adultos no culto e ouvir a pregação do pastor, chata e maçante.

Se a casa do Senhor era de fato a igreja como eu conhecia, não havia qualquer prazer ou alegria em estar ali.

Se ao menos o culto infantil durasse todo o período em que eu estivesse na igreja, se ao menos eu não tivesse que deixá-lo quando atingisse certa idade, talvez assim a igreja fosse um lugar prazeroso...

Mas sempre que eu ouço as palavras “casa de Deus” eu me lembro do diácono com cara de coveiro e olhos vermelhos de raiva, gritando para as crianças: “Não corram na CASA DE DEUS! Olha a falta de respeito!”, ou do pastor com timbre de nana-neném dizendo para sua congregação em tom de advertência: “Façam silêncio. Estamos na CASA DE DEUS!”. Ou, ainda, dos meus pais me beliscando quando eu cochilava, ou quando respondiam ‘não’ às minhas suplicas para beber água e ir ao banheiro, sempre com o seguinte lembrete: “Você está na CASA DE DEUS!”

Se essa é a casa de Deus, acho que tenho motivos para duvidar da sanidade do salmista ao afirmar “Alegrei-me quando me disseram: Vamos à casa do SENHOR”(Sl 122.1)

Ambiente muito diferente era o dos pic-nics (também chamados de junta-panelas) e acampamentos da igreja. Lá o pessoal corria, os homens jogavam bola, as mulheres conversavam, as crianças se sujavam, comíamos juntos, todos riam contando piadas. No final do dia, fazíamos o culto. Um culto diferente, animado, gostoso de se estar. Mas porque na “casa de Deus” precisava ser diferente?

Não sabia como administrar aquele sentimento terrível; sabia que deveria sentir alegria em ir à igreja mas, simplesmente, não sentia. Estaria o erro comigo?


CONTINUA...